A espaçonave Planck, da ESA, revelou o mais detalhado mapa da primeira luz do universo, que revela algumas tentadoras anomalias que apontam para uma nova física, que pode ajudar a resolver o mistério da energia escura e reforça a teoria dos múltiplos universos.

O novo mapa traça pequenas variações de temperatura na denominada radiação cósmica de fundo, uma espécie de luz lançada apenas 380 mil anos após o Big Bang, e contém pistas que podem ajudar a revelar como o nosso universo surgiu.
Em geral, os novos dados do Planck estão de acordo com as ideias dos cosmólogos sobre como o universo se formou. A teoria da inflação sugere que após o Big Bang o universo inflou rapidamente, dobrando de tamanho a cada 10 ^ -35 segundos (um ponto decimal seguido de 34 zeros e um 1).
Mas os modelos básicos da inflação sugerem que a expansão tenha acontecido de maneira uniforme em todas as direções, e os resultados do Planck sugerem que esse pode não ter sido o caso.
“Uma das características da inflação é que ela diz que não pode haver uma direção preferencial, isto é, o universo deve ser uniforme”, disse o astrofísico Marc Kamionkowski, da Universidade Johns Hopkins, EUA. “Contudo, nossas observações sugerem o contrário.
As variações de temperatura observadas na radiação cósmica de fundo parecem ser dimensionadas e espaçadas de modo diferente em várias direções.
Há também outras anomalias. As variações parecem não se comportar da mesma forma em grandes escalas, como fazem nas pequenas escalas. Há alguns grandes pontos frios, por exemplo, que não foram previstos pelos modelos básicos da inflação.
Em última análise, os dados mostram algumas características que são surpreendentemente intrigantes, mas que podem revelar profundas respostas sobre o universo primordial e sua origem, além de impactar no estudo da matéria escura e energia escura, dois misteriosos elementos que ainda não foram explicados.
Idade e velocidade recalculadas
Os novos dados fizeram os cientistas estimar novamente a idade do universo, dessa vez em 13,8 bilhões de anos de idade, e recalcular a velocidade de expansão, que é de 67,15 km por segundo por megaparsec. A taxa de expansão também é conhecida como a constante de Hubble, e a nova estimativa é consideravelmente menor do que os valores obtidos por meio de outras observações astronômicas.
“A esperança é que os novos dados apontem para uma deficiência nos modelos teóricos ou até mesmo para uma nova física”, disse Martin White, cientista do Planck.
Energia escura e Multiverso
A taxa de expansão do universo está diretamente relacionada com a ideia da energia escura, nome dado à uma força que age por trás da aceleração da expansão do universo. A descoberta pode apontar para um novo modo de se pensar a respeito da energia escura, incluindo a possibilidade de que ela tenha mudado ao longo do tempo.
Analisando mais a fundo as anomalias nos dados do Planck, os pesquisadores chegaram a apontar para conclusões ainda mais radicais e interessantes, como a ideia de múltiplos universos e universos bolhas criados por áreas do universo primordial que inflou em taxas diferentes [5 razões que indicam que vivemos em um Multiverso].
As colisões entre essas bolhas são uma possível explicação para o fato de que a inflação não tenha procedido de maneira uniforme em todas as direções após o Big Bang.
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